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o quarto

gosto do tempo de regressar aqui. agora é de noite. as únicas luzes, e não são bem luzes são sombras de luz, vêm do candeeiro dos vizinhos aceso nas traseiras. explico: estes prédios têm as costas voltadas para dentro, para traseiras onde há jardins e estendais de roupa mais compridos. escadas de incêndio também. tenho um vizinho do lado de lá das minhas costas, quase em linha recta. imagino-o com um candeeiro de pé a ler, talvez, ou a dormir e o candeeiro ainda ligado. parte da luz daquele candeeiro atravessa as janelas da sala do vizinho, a distância das costas onde ficam as nossas traseiras, e entra nas minhas janelas, nas minhas costas, até se reflectir na parede. a parede que tenho à minha frente.
cheguei agora a casa de um lugar que é um abraço e ao entrar, vi bocadinhos de luz reflectidos com a forma dos buraquinhos do estore que atravessaram. que bonito.

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