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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2005

"equador"

"-Ouça Matilde. As conveniências e tudo o resto têm decerto um papel na sociedadee eu não pretendo mudar o mundo nem as regras que, aparentemente, asseguram, se não uma vida feliz às pessoas, pelo menos uma vida tranquila. Muitas vezes gostaria que as regras não fossem tantas ou tamanhas que a vida chega a confundir-se com a sua aparência, mas acho que, no limite, temos sempre escolha. Eu, pelo menos, tenho e, por isso, considero-me um homem livre. Mas vivo no meio de outros e aceito as suas regras, sejam ou não as minhas. " voltei a este livro. acabei o "como água para chocolate ontem" e esta tarde li até aqui o "equador" não sei porquê esta minha coisa de alternar um livro novo com um que já conheço, como se fosse feita de marés.

orgulho

há algumas pessoas, muito poucas, que ao longo da vida têm o nosso suporte sempre. como o escritor de quem não precisamos de ler as críticas para comprar o próximo livro, o cantor/cantora que nos fazem ir a correr comprar o próximo álbum, o pintor que nos inspira sempre, os escultores e arquitectos, os bons cozinheiros, os bons condutores, os bons amigos. É assim com o Caetano, com o Palma ( às vezes é só às vezes), com o José Luis Peixoto, o Umberto Eco, os cozinhados da minha avó, os amigos de sempre. É assim com a Mafalda Veiga também, e ficou para última por ser dela este desenho. Fez parte de uma iniciativa que juntou desenhos de 100 personalidades nacionais para angariar fundos para uma obra de beneficiência, e esta foi a sua participação. Mostraram-mo há dois dias atrás e sabia que ía ser bom antes de o ver. É das tais coisas. Não vi mais desenhos da iniciativa, mas tenho especial orgulho neste. Gostava muito, e seria totalmente merecido, que a arte tivesse mais lugar nas noss

guida e mãe, mãe e guida

a guida tem caracóis e uns braços que dão a volta a uma pessoa inteira e a põem dentro de um abraço. a sensação é que estamos dentro de vários abraços, omo se os braços dessem várias voltas em nós, da cabeça aos pés. lembro-me de todas as vezes que estive com ela, de tudo o que é meu e está lá, e só recupero quando volto àquele lugar. a pedra redonda, o vale e a cidade a fundo, a música ( tanta), as portas, as saudades ( tantas, mas tantas! de lá estar, e de quando se está lá do tempo desfazado que não me dexou conhecer o zé). a francisca, a sofia, toda gente, mais os cães e todos os bichos do campo. a sala. as madrugadas ali, com o dia a nascer de frente. o chegar de noite e descobrir as luzes da sala amarelas no meio da serra. ssa há-de ser sempre das imagens mais bonitas da minha vida. hoje a minha mãe faz anos. a guida também. não têm a mesma idade mas nasceram no mesmo dia. 27 de maio é assim.
benção

If I could

A brand new baby was born yesterdaym just in time Papa cried, baby cried, said your tears are like mine I heard some words from a friend on the phone, didn't sound so good The doctor gave him two weeks to live I'd give him more if I could You know that I would now If only I could down the middle drops one more grain of sand They say the new life makes losing life easier to understand Words are kind they help ease the mind, I'll miss my old friend And though you've got to go we'll keep a piece of your soul One goes out, one comes in You know that I would now If only I could "If I could" J.Johnson

joão

o joão faz hoje anos. foi ele a minha porta de entrada no clube, tem um carro que é um avião e onde fiz tantas viagens, tem cães (o Blitz só sai às terças...), tem guitarras e gosta de engenhocas. o joão é meu amigo desde o início, e eu amiga dele desde que li um texto dele que me marcou para sempre. esse foi o primeiro dos seus textos que me marcaram assim, depois vieram os outros. o joão é grande mas não se esquece de ter os olhos abertos para ver o que se passa. o joão está mais zen. tem mais um ano, mas isso não muda nada, a não ser talvez para ele. o joão está contente e sorri. está sentado ao pé de uma mesa de madeira de carpinteiro onde estamos vários. há chá e bolos, máquina fotográfica na mesa e ele vai tirando fotografias. estão quase todas desfocadas. o joão tira fotografias e ri-se feliz à minha frente, no café de anos dele. só não lhe digo nada agora, para não perder nada do seu sorriso. (parabéns joão)

fim de maio

tenho andado muito por aqui. no regresso a casa ao fim do dia, quando há fila na marginal ou na A5. nas idas, cheias de sono, de manhã. entro na primeira aula com os acordes a soar até darem lugar ao que o professor diz, ao barulho de todos nas cadeiras ( é fácil imaginar o outro barulho, antes da primeira canção numa sala às escuras com o barulho das luzes), aos telefones a vibrar, dos bocejos, do "bom dia" dito baixinho ao colega do lado. todo o meu lado caseiro se vai despedindo na passagem dos acetatos, nas apresentações, fotocópias e conversas de corredor. estamos no final do ano, o último, antes de estágios. é sempre altura das maiores decisões. e talvez por isso precise mais de vltar aqui. para ouvir quem sou e ser capaz de me projectar no mundo com essa certeza. mesmo que tudo o resto continue desfocado.
um dia a areia branca seus pés irão tocar e vai molhar seus cabelos na água azul do mar janelas e portas vão-se abrir pra ver você chegar e ao se sentir em casa sorrindo vai chorar debaixo dos caracóis dos seus cabelos uma história pra contar de um mundo tão distante debaixo dos caracóis dos seus cabelos um soluço e a vontade de ficar mais um instante as luzes e o colorido que você vê agora nas ruas por onde anda na casa onde mora um dia vou ver você chegando num sorriso pisando a areia branca que essa é o paraíso debaixo dos caracóis dos seus cabelos uma história pra contar de um mundo tão distante debaixo de os caracóis dos seues cabelos um soluço e a vontade de ficar mais um instante Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Caetano Veloso

"A vida mais ou menos"

"Parece que nestes últimos tempos se podia ler acerca de ti nos jornais: que eras a maior especialista em Vieira da segunda metade do século vinte, que foste uma professora de excepção, uma intelectual brilhante, que sobre o barroco ninguém como tu e patati patatá, e para além de se poder ler nos jornais, o teu retrato (sempre me pareceu teres qualquer coisa de pássaro, os olhos, as sobrancelhas, o nariz, a boca) iluminava a página. Qualquer coisa de pássaro: não falavas muito, não sorrias muito, só nos pretéritos perfeitos se notava o teu sotaque do Norte, a voz do meu pai ao telefone: - a Margarida morreu agora mesmo a voz da minha mãe - Havia uma empatia especial entre vocês os dois nunca tinha ouvido a minha mãe usar a palavra empatia e percebi que estava comovida porque a minha mãe não fala desse modo, ao chegar ao Hospital da CUF o Miguel vinha a sair, acho que nunca nos abraçamos com tal força, depois fechei-me com o João no gabinete dele (há séculos que não via o Joã

peixinhos

"por mais que eu diga tantas e tantas vezes, nunca te direi vezes que cheguem como é bom estar vivo."

o homem do piano

apareceu um homem numa praia de inglaterra. estava de fato, encharcado até aos ossos. era de madrugada quando a polícia o encontrou. não fala nem interage com ninguém, excepto quando está ao piano. foi isso que desenhou quando lhe deram um papel onde pudesse escrever o nome. fez um enorme piano de cauda, um chão de maderia e a luz de um foco por cima. alguém o levou aé um piano assim e qual não foi o espanto quando o "homem" e revelou "homem do piano". deu um recital de duas horas, deixou que se aproximassem dele e fica calmo. parace uma história arrancada d' "O homem que confundiu a mulher com um chapéu". adoro os mistérios da natureza humana.

coisas que se dizem

(a porteira) - Atão menina, a operação correu bem? ( a senhora) - correu sim, obrigada. Ainda estou um bocadinho combalida, sabe como é... ( porteira, de novo) - Pois pois, mas diga-me lá, não levou aquela coisa que os doutores dão para as dores..a peidoral? Lisboa, Maio 2005

hoje

hoje não acordei com tanto sono mas mesmo assim custou. hoje o tobias bocejou. hoje passou um carro por mim de manhã com uma música conhecida. hoje fui de comboio a ouvir música no mp3 e deram-me o destak (há tantos destaks!). hoje bebi um capuccino de manhã antes da primeira aula ( e um ao fim do dia, mas já lá vamos). aprendi e quase adormeci, depois tive sessão com miúdos e foi bom. hoje fiquei com ainda mais saudades das tantas que já sei que vou ter deles. hoje descobri que há boas surpresas e pessoas amigas e prontas a ajudar. foi importante ( obrigada). hoje comi peixe cozido na cantina e não morri, como desconfiei que ía acontecer. hoje apresentei um trabalho mas não foi muito importante nem especialmente bom. e tenho pena por estar cansada e saber que noutra altura poderia ter sido melhor, gostava que tivesse sido para os colegas que me ouviram (obrigada pela presença.) hoje pensei onde poderá estar o meu cd do DVD do coliseu e não me lembro! hoje esteve sol e estava bom na

e se eu...

e se eu não fizesse todos os trabalhos de faculdade?

se o meu cabelo...

...fosse de pedra era assim! (visto de cima)
obrigada pipa, wicca, anocas, janica, maria, tiago, ju, margarida, joão, maryland, antónio

olhos

O R. e a I. andam na escola. Nos intervalos andam a passear com os amigos num típico recreio de escola secundária: grupinhos a conversar junto às paredes, alguns alunos mais novos a correr e os mais velhos a arriscar passas de um cigarro nas costas de uma funcionária. O R. está em ciências e a I. em humanidades. Ele quer informática "mas não sei, depende dos dias...", e ela também não sabe ainda. Contaram o que todos os adolescentes contam: vão sair logo à noite, frequentam chats onde "se conhece sempre gente nova", têm telemóveis, borbulhas, uma mochila mais ou menos cheia, um riso tímido porque estava lá a conversar com eles e deviam-me achar mais velha por já estar nesse mítico mundo da "faculdade" onde "se queres aprendes e já é uma sorte!", como diz o R. Devo-lhes ter parecido mais velha porque não me veêm. da mochila tiraram linhas braille e telemóveis com software de voz. contaram como é complicada a parte das mensagens, " é que há um

"Portugal hoje", "lixo e luxo", 11 de Maio

ofereceram este livro a um projecto de que faço parte. não sei o que virá a ser, mas sei que vai ser para sempre o primeiro trabalho no meu curso de que me vou lembrar o resto da vida. mesmo que fique por aqui ( e acho que não fica). Ofereceram-nos a todos "Portugal hoje- O medo de existir". Ainda não li. As páginas ficam divididas porque são de todos. oito. nove.nove mais os de terça. nove mais os de quinta. este livro afinal não tem medo nenhum de existir. conta que às vezes só há uma forma de saber o que vem aí: no arriscar, no seguir em frente "contra todas as razões e a favor de todos os instintos". hoje não temos medo de existir, só de surgirem vidas em nós que não deixem que este lado corra. hoje este livro é de uma equipa. fica aqui para todos. oito. nove. e os outros. "para a equipa de alunos da Professora Ana Rodrigues" Escola Técnica Psicossocial de Lisboa 11 de Maio de 2005

11 maio 2005

hoje falámos deles

choque

não percebo crianças maltratadas ou outros desrespeitos pelas crianças e suas infâncias. não percebo abusos, inexistências de abraços, pais abusadores, famílias traumatizantes, lugares de crescer que são mais de magoar do que olhar em frente, guardar e aprender. Fiquei muito chocada com o novo caso da criança maltratada pelo pai e avó. não sei como é que nestes casos não há, mesmo que não fosse o amor, a protecção, ou ao menos o respeito. nem que fosse o mesmo respeito de "não pisar" a relva de um jardim. não perebo como continuar um abuso ou maus tratos físicos, extremamente violentos, ao ver a cara de pânico que uma criança deve fazer, o ar assustado de olhos muito abertos, a respiração cortada, as lágrimas a cair, o coração acelerado no peito. não percebo. deveríamos ser nós, os "adultos", a defender, a filtrar o mundo para que seja um lugar capaz de se compreender mesmo que nos telejornais se mostrem quase todos os dias imagens de acidentes, de pessoas que s

"lunar"

" O brilho nas pedras do passeio. Pontos de luz tremem sobre a água fina que a noite, a chuva, deixou sobre as pedras. Eu caminho sobre a organização das pedras do passeio. Diante de mim, um manto de pontos de luz que abrem caminho para que avance . As minhas botas pousam entre esses pontos de luz a nascerem, a viverem durante um istante, a morrerem para sempre. mil pontos de luz a morrerem em instantes diferentes, em sítios diferentes, ignorando-se e fazendo parte da mesma ordem. " "Lunar" José Luis Peixoto nos regressos a pé para lisboa nestes fins de tarde de Primavera que cheira a Verão o reflexo do sol no chão parece assim água cristalina muito fina quase inexistente em espelho que se pisa pisa pi sa

Hawking

Está a dar um programa sobre Stephen Hawking na televisão. Para quem não o conhece, é o maior físico dos nosso tempos. Não sei grandes dados biográficos a não ser que conseguiu combinar duas teorias tão impossíveis como a da Relatividade, de Einstein, e a Mecânica Quântica, que não sei quem "inventou". A primeira fala dos buracos negros e apresenta-os como os sistemas mais imprevisíveis do universo, onde a força da gravidade é tão forte que funciona como uma membrana que se atravessa apenas para um lado: o de lá. Nada volta, nem mesmo a luz, daí se chamar negro. Falamos do infinitamente grande. A mecânica quântica, por outro lado (aparentemente...), explica o comportamento de todas as partículas essenciais que formam o nosso Universo. O infinitamente pequeno. Estamos a falar de duas margens do mesmo rio, "kepela", onde as linguagens matemáticas são diferentes e a rivalidade é tanta que profissionais de um lado não comunicavam com o outro. Hawking disse que ía t

gaivota

história da gaivota e do menino que a ensinou a voar Pedro Palma

falta

se pudesse contava a todos como me faz falta se não tivesse a voz presa na falta que me faz www.mafaldaveiga.com