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Mensagens

A mostrar mensagens de 2008
gostava de te contar como está tudo aqui. o mundo é tão impossível! a vida atravessa planos,faz tangentes a desejos e leva-os na curva. fazes-me duvidar do caminho para trás. é mais fácil pensar que morreste, que o fim foi de outra maneira. a morte tem um quê de ternura porque a sei inevitável. seria mais fácil guardar os dias felizes , as manhãs,os dedos na perfeição do vinte. construí bons muros com arcadas de promessa mas a tua ternura provou-se mais forte na seda e sede. a tangente aproximou-se da recta que desenhámos a quatro mãos e levou as tuas. distraíste-te. magoou-me a falta de atenção,ainda a julgar-te perto, a guardar espaço para ti nos meus dias e sono. não sei o teu último olhar.estávamos frente a frente e desviaste-o para um móvel, revista pousada, a sala igual e tu admirado. pensei em títulos de catástrofe no jornal sobre o acidente de avião em que descolei, mas ainda assim. voámos sem rede mil vezes e era ai que julgava ser também a tua casa. tens o instinto maior de l
-fica hoje. -não. - janta cá. - tu estarias a pensar na comida e eu na fome do dia seguinte.
tenho saudades tuas isso eu sei porque eu sinto no meu peito essas ruas nunca imaginei um amor assim e agora até ficou real mas isso trouxe coisas atrás no momento de uma decisão percebes tudo o que o presente faz mesmo querendo ter alguém eu quero ter-me a mim mas meu amor nenhum de nós deixará de ser real passo por essas ruas isso eu sei porque eu sinto ter no meu peito coisas tuas manuel cruz
O Lopes vive em Campo de Ourique. Divorciado, joga ao king e à canasta nas noites de sexta e atravessa a pista do estádio universitário até o peito abrir fechar como acordeão aos sábados de manhã. Apara o bigode aos domingos e janta com a Mãe nessa mesma noite, tudo o mais são os percursos de autocarro até à oficina, regressando à noite. Acha-se bonito, as senhoras não. Reformou-se. Para encher o tempo antigo do autocarro e da oficina trocou-os pelo rio e anda a pé nos dias úteis. Pode levar um cão de um vizinho, “coitado do bicho nunca passeia!”, e à tarde trabalha a sério num anexo onde guarda tudo a que deitou a mão desde que era criança. Tralhas, os seus babetes, a fotografia “do meu menino tão lindo no baptizado” assinada pela Mãe e emoldurada a dourado, os óculos de massa do Pai, um urso de peluche com um olho e um arco amolgado que dantes descia a calçada sem hesitar a fazer “vvvvum vvvvum”. Agora tem um trabalho sério, de homem. Arrasta móveis de que não gosta de um lado para

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"Morelliana, Penso nos gestos esquecidos, nos múltiplos acenos e palavras dos avós pouco a pouco perdidos, não herdados, caídos um a seguir ao outro da árvore do tempo. Esta noite encontrei uma vela em cima da mesa, e por brincadeira acendi-a e andei com ela pelo corredor. O ar do movimento ia apagá-la, então vi a minha mão esquerda levantar-se sozinha, fazer uma cova, proteger a chama como um abat-jour vivo que afastava o ar. Enquanto a chama se colocava novamente aberta, pensei que esse gesto tinha sido o de todos nós (pensei nós e pensei bem, ou senti bem) durante milhares de anos, desde a Idade do Fogo até ao dia em que no-lo trocaram pela luz eléctrica. Imaginei outros gestos, o das mulheres a levantarem a ponta das saias, o dos homens a procurarem o punho da espada. Como as palavras perdidas da infância, ouvidas pela última vez da boca dos velhos que iam morrendo. Em minha casa já ninguém diz a "cómoda de alcânfora", já ninguém fala dos "tripés". A mesma
dear Sophia, it's really late. I've just arrived home after a dinner at my grandma's house. she's still so special. everyone ate a lot, we talked about old friends, ourselves when we were growing up. there are always stories about africa. we are all so linked there, so many miles away and yet. we talked about you, alexis and darril. and also about the bulldogs that my uncle used to have and were pretty awfull and scary. I was really afraid of them, but one day I grabbed a horn and chased them trough the garden until they were crying with the noise. never bothered me again. we also mentioned cape town and pretoria, your house, your family, I remember you so dearly it's hard to say. you were my friend and were a bit like me. you thaught me english and had the patiente enough to hear me reading, laughing out loud in a bed full of animals and pillows that we throwed until they reached the ceiling, you knew the piano but hated it. you knew everybody and everything so wel

a funny day

" parece-me, antes, que amar é reconhecer. reconhecer no sentido de quem se conhece duas vezes. por fora. e por dentro. reconhecer como forma de nos reconhecermos, insaciavelmente, em alguém que faz parte de nós. reconhecer como uma estranheza que se esclarece, sempre que alguém precioso nos reconhece, mesmo quando não sabemos quem somos. e reconhecer gratidão. pelos gestos de reconhecimento que se trocam quando se ama."

desejo

"é preciso pensar bem no que se deseja porque a maior parte das vezes realiza-se" NLA

Gosto

do primeiro passeio de carro epois de encher o depósito. o ponteiro não mexe e parece a viagem no comboio fantasma em que o senhor era meu amigo e me dava a primeira volta grátis

rayuela

"Descobríamos como a vida se instala em formas privadas de terceira dimensão, que desaparecem se se põem de lado, ou deixam apenas uma pequena risca rosada imóvel e vertical na água"

mixed

"I mixed them with my brain" john opie, when asked with what he mixed his colours

de pernas para o ar

e assim ficamos
que os dias se desfaçam no caminho de mim a ti como espaço a ser percorrido

dia

acordei com sono preso na ponta da almofada e a espalhar-se desde o nariz até ao espaço atrás das orelhas. levantei-me, a vida dos dias dia inteiro. chego a casa e tenho ainda o sono da manhã colado à roupa e à pele, um borboto mal preso dos últimos dias.

Parabéns

a quem se dedica a perseguir o que soha e escreve o que sente. agora nos estados unidos com mais de dez livros traduzidos e críticas boas , e merecidas, à sua obra. um orgulho

é ela!

chama-se valentina e vai morar no meu coração....quando a encontrar! se alguém tiver alguma pista diga....

telefone ontem à noite

- a perna???como??? - (...) - posso falar com ela? -(...). - então c., que aconteceu? - foi assim...comecei a andar muito depressa muito depressa e depois nunca mais parei e...foi assim!...amanhã vens cá ver-me? - sim, com direito a todos os miminhos e à comida preferida. (lá atrás..."eu não quero ir à escola, eu nem gosto de aprender, os meus amigos também não!")

balão

"É estranha esta coisa de ser eu a decidir da minha existência. Mais um bocadinho e comecei. Como quero. Sim, posso escolher a cor, o formato, se quero ser público ou privado. Sou o meu pai e a minha mãe. quem vou eu poder culpar quando as coisas correrem mal? Logo se verá. Para já, existo. Logo mais, penso " acho eu, 7.01.2003

abrir

mudar é pôr noutro sítio o que estava no mesmo lugar. mudar é não encontrar o pacote de leite da marca do costume e arriscar o de soja. mudar é carregar o saco mais pesado na mão esquerda. é não encostar o ombro na porta do prédio para a ajudar a abrir. é pôr o pisca sempre que se quer virar e lavar as mãos sempre que se vai à casa-de-banho. arriscar café com açucar, não ver a agenda, comer um bolo com creme e uns caracóis, se se estiver na praia e o dia convidar. é estar com outros que não os meus. é deixar entrar quem fica de fora. é fazer um prato vegetariano e experimentar um risotto. é ter outra posição para adormecer. é ter um tempo em suspenso para decidir o tempo que se quer.

MoMa

saio de casa e vou até à 11 west 53 street. como se fosse ao pingo doce. olho para a parede, vejo esta imagem... Lucian Freud . " Freud....olha que nome giro, psicanálise em desenhos?". e lá entrava, trocos, bilhete, escadas e lá vou eu. saio de casa e vou ao pingo doce comprar pão. volto e passeio o cão. está frio hoje, mais que ontem. a psicanálise fica para depois. chaves, escadas, corredor. Lucian Freud está aqui .

15 minutos

sentaste-te ao meu lado, aninhada. a televisão ligado, eu ainda de pensamento no meu dia e tu a espreitar as imagens. íamos começar a conversar..."banho!" pareceu-me um desperdício pensar

é o que se quer

(um passo de cada vez)
bom ano

sombra

"às vezes julgamos que as pessoas são décimos de lotaria: que estão ali para tornar realidade as nossas ilusões absurdas."

noite

no segundo lugar do braço
meu amor, há gaivotas em lisboa, carros, passadeiras. peões não. ninguém anda a pé, só a motor. talvez as gaivotas sejam a pilhas. percorri o caminho de casa até à casa da música. não tinha sons, talvez devido à falta de gente e às tomadas desligadas da ficha. ainda assim, imaginei as nossas músicas e trauteei-as baixinho, embora ninguém me ouvisse. o sol está atrás das nuvens. ando. não se distingue o acizentado das asas que cortam a manhã das nuvens, por trás. no rossio, sem ninguém, nem sequer o som da água da fonte a bater no fundo, fechei os olhos e vi-te. a sorrir. os dentes a espreitar dos lábios, pessoas de curiosidade infantil em janelas onde se debruçam palavras.tinhas o cabelo solto e com sal, talvez Verão, e o futuro era a tua gola apontada ao céu. as mãos não as vi. julgo que tocavam as minhas por estarem quentes sem saco de castanhos assadas e, afinal, estava só no rossio. só podiam ser as tuas mãos a ter as minhas, um nascimento silencioso. falaste? a tua boca moveu-se.

queria

um bife com batatas fritas e molho um gelado grande, daqueles com bolacha esmigalhada por cime e molho de chocolate cerveja num dia de sol mais trabalho (tenho quase nada) uma viagem a dois a um sítio que eu cá sei concertos carreiras e ir ali ao sofá encarnado ouvir música no i-pod

Al

Um homem arrepia-se de frio ao cair da tarde. Leva as mãos aos bolsos e retira um gorro de lã. De asas arruinadas voa no éter, troçando da gravidade que o esmaga Luis Quintais

ovos

gostava de ter uma frigideira que fizesse verdadeiros ovos estrelados