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A mostrar mensagens de setembro, 2006

em caracol

"Agora, as gotas de chuva que caem sobre a piscina, espaçadas e imprevisíveis, parecem-me a imagem que melhor descreve aquilo que existe dentro de mim e, no entanto, sei que se me sentasse a imaginar uma imagem concreta para reflectir este sentimento, nunca me lembraria desta visão simples aqui, à minha frente: gotas de chuva a caírem sobre a piscina. A minha idade irá parar no momento em que partires. Será uma espécie de morte cinzenta e de ausência. és tu que partes, mas sou eu que desapareço. Para onde fores, haverá pessoas que já existem agora, que respiram. No teu caminho, serão como pontos intermináveis de brilho. Talvez fales para essas pessoas, talvez elas te chamem pelo nome. Para onde fores, haverá mundo e vida. Aqui, continuará apenas esta varanda onde estou: um balcão. inútil sobre a paisagem, que se dissolverá numa cor única asim que partires. Sem surpresas, passarei a mão pelo cimento. Essa será uma carícia imaginada e desperdiçada. Mas isso será depois, quando exist
posso dizer sindromes de etiologias várias, trissomia 21, deficiência mental e motora, cegueira...nada disto faz muito sentido. posso, antes, contar que tenho uma menina com os dois braços amputados e o que mais gosta de fazer é pôr luvas ou pulseiras nos "braços" (cotos) e dançar na sala. Tenho outra negligenciada em casa e que adora uma festa, que se ri, que tenta pôr o babete sozinha ao almoço apesar de ter mutio pouca força, que ri de felicidade quando a ajudamos a estar de pé. tenho um menino que finge dormir quando ´hora de trabalhar, e "dorme" mais com as técnicas de quem menos gosta. finge muito bem, de tal forma qe o ressonar parece verdadeiro e evidencia uma inteligência superior ao normal. tenho uma menina que não vê mas sabe quando estamos perto e, apesar de ter movimentos muito descoordenados, acerta sempre na taça de sopa quando a quer empurrar para longe. e ri-se. tenho outra que quer sempre mimo, trepa pelo colo, dança, adora chaves e quando é hora d

dias

têm sido dias novos e de (re)descoberta. voltei a treinar, ainda por cima no estágio de pré-época e sinto agora como é bom e maravilhoso o banho depois do treino, à noite. o jantar tarde ainda com o sangue a correr mais depressa por dentro. comecei a trabalhar e a descoberta é constante. tenho uma sala pequena mas gosto por ser azul turquesa. todas as paredes são de um azul assim. quase parece que se mergulha quando se entra, não fosse a janela, à direita, a lembrar-nos que estamos fora de água num subúrbio de lisboa. são ainda muitas as dúvidas, as coisas a aprender, os horários e calendários não estabelecidos, os alunos por vir, a confusão dos almoços, as auxiliares...não tenho quase material nenhum, só algum que fiz, mas tenho prateleiras vazias para encher e é uma sensação boa, como a de um ano em aberto no princípio de Janeiro. voltei a outra casa e , apesar de um susto, foi um bom fim-de-semana onde o tempo passa devagar no balanço de uma rede que mora no terraço, debaixo das uva

setembro

cheira a setembro em lisboa. ficaram para trás as estradas e caminhos, as imagens, os sítios novos e conhecidos, o dormir e acordar sem outro barulho que das cigarras e das estrelas (bem alto) do lado de lá da janela. o tempo de almoçar às 20 e jantar às 2, sair até ao nascer do dia e acordar ainda tonta, ainda com martini rosso, ainda com as canções. a minha rua voltou a ter quase todos os lugares de estacionamento preenchidos. fui ao ikea e estranhei tanta gente, já me desabituei disto. a segunda circular, a a5, o telefone a tocar e até o carro que larguei durante um mês. vêm ainda meloas e melões, fruta de verão, nas prateleiras de fruta, mas não será potr muito tepo. tantas tantas praias!!!guincho, são pedro, são joão, adraga, são lourenço, coxos, são julião, sul, norte, praia azul, praia de pobra del caraminal, praia das dunas, manta rota. todas e todas as areias, as marés e o caminho de regresso ao próximo verão. de alma cheia e cereza de vento a rasgar o peito que o importante