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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2005
amanhã às 23.30 no casino todos os anos é a mesma coisa. no fim do verão, início de outono, lá vem o casino. acontece-me desde 2001, acho eu, mas nesse ano foi em novembro e tinha acabado de entrar na faculdade. o que quer dizer que este ano volto no meu último ano de curso, e para o ano...?o casino marca sempre um ano diferente. amanhã é "coisa boa" mesmo.

outono

há uma parte assim neste meu outono. muitas cores quentes, um ano já de cores quentes, dois anos desde uma data que considero uma vitória e um dia feliz, um novo começo. dois aniversários e mais ainda não sei. aconteceu uma coisa especial e de tão especial nem sei como a contar. o P. é um menino de oito anos com o ar mais querido do mundo ( partilha esta categoria com o T., a Bu e a Pimpas) e maroto, com um cheiro de criança mesmo, que gosta de cócegas na barriga, música, pão às 10: 30 e bolachas sempre que pode. despedimo-nos dele durante as "ferias grandes" para o rencontrarmos agora, com a magia de setembro. e se dúvidas na magia houvesse, desfaçam-nas, porque o Pedro começou a falar há três semanas atrás. começou e segue no caminho da comunicação com os outros agora. estou tão feliz por ele, por ser ele, pela voz que tem. há tantas pessoas com voz e tanto silêncio no que dizem, e ele veio do mundo do silêncio para aprender a dizer "sou eu". só me faz

norte

tenho saudades de rumar a norte. Verão é muito sinónimo de sul para mim, quando chega o outono fico a precisar de mudar de direcção. a norte. de trocar de roupa, comprar materiais para o trabalho, descortinar histórias antigas dos meninos que me chegam, segurar-lhes o nome nas mãos até poderem ser eles a levarem-no no peito. fico com outro fome, de sopa e coisas quentes, de chá, e os "caxinhos" são quentes e não frios. apetece-me outra música, mas ontem a pipa sugeriu-me reagge! a pipa é assim, inesperada! gosto muito dela. e depois apetece-me um café no majestic e combinar com o vasco uma tarde para pôr a conversa em dia. mostrar-te a cidade, ver-te à beira douro com a luz do pôr-do-sol na cara, enrolado num casaco quente e com as mãos encolhidas dentro da parte final das mangas. apresentar-te o vasco e ver-te a não conseguir parar de rir, porque com ele é impossível, especialmente quando canta. apetecem-me os croissants das taipas e aquela coisa de se dormir até se acordar,

coisas que se dizem #5

" acho que vivemos muito pouco tempo para não sermos se não amadores" Maria José Vidigal li o blog de uma amiga minha há pouco, e encontrei-a desiludida. também tenho andado assim no fundo, nomeadamente no que toca à falta de lealdade para com as pessoas. ou se é amigo ou não se é e ponto final. esta é sempre uma questão se ser ou não ser, onde não cabem "talvez" nem "depende". e o facto de ser, afinal, uma equação simples, não quer dizer que não seja difícil- como é. hoje gostava que os meus amigos, as pessoas que tenho à minha volta, me dissessem simplesmente se são amigos ou não. prefiro um "não" dessses do que um "sim" que s taduz numa maneira de estar que não e a verdadeira e deixa, por isso mesmo, de ser a melhor. hoje gostava de uma coisa simples assim. sim ou não.
Hello shimano!

Mwetsi

não te esqueças que há o caminho de ida e as tardes em que fomos juntos crianças o tempo não nos roubou de nós nem de ti ( fotografia de Rui Bonito)
a Amélia tinha um espaço grande na janela do coração. tinha o ar bonito de quem gosta muito de crianças, e todas elas, assim que chegavam à escola, se agarravam a ela e diziam " bom dia Amélia!". a Amélia tinha um grande sorriso, sabia onde estava a mala de cada menino e menina, conhecia os irmãos, mesmo os mais novos acabados de nascer que ainda não andavam na escola. a minha sobrinha gostava muito dela, muito, a minha irmã também. eu também. não a via todos os dias, mas quando ía lá buscar a "minha criança", era ela que abria a porta. a sorrir. acho que nunca a vi com a bata que todas as outras funcionárias usavam, mas todos sabiam que ela era dali porque tinha o ar de pertença. de quem faz parte. sorria muito no dias das famílias, em que o recreio ainda ficava mais cheio. conseguia que todas as crianças se portassem bem com ela, denunciando a inutilidade dos castigos e a maldade da falta de paciência. gostava de ir à escola e ver a Amélia. tinha uma ternura nos

dúvidas

Doubt thou the stars are fire, Doubt the sun doth move, Doubt truth to be a liar but never doubt thy love. William Shakespeare

a escola

costumava ficar a olhar para a escola da janela da minha Tia São, ali no Bairro de São Miguel, com os meninos todos a fazer a pequena rampa que os levava para "lá", o lado que eu não via de mesmo que me empoleirasse e cerrasse os olhos. conseguia ver um ou outro menino lá dentro, no recreio, mas era sempre num rasgão, num movimento que desaparecia logo a seguir. os primeiros dias de escola do ano eram mais movimentados. os pais levavam os filhos pela mão e ficavam, como eu, empoleirados a espreitar lá para dentro. havia crianças que choravam, não largavam o colo da mãe, e todas olhavam em volta sem saber quais daqueles meninos todos iríam ser os seus colegas de turma. era assim que passava o tempo em setembro, enquanto a minha avó, tia e amigas conversavam numa mesa da sala com brasas ao meio, onde se aqueciam os pés no inverno e escondia coisas minhas. um lápis encontrado no chão, uma carica, um afia, todos atirados por entre a grelha das brasas. claro que isto era no verão,
apetecia-me

Maggie

" Maggie" foi o que ela escreveu nas costas de um bloco de desenho que tinha na altura, pouco depois de nos conhecermos. era a altura dos terríveis exames nacionais do 12º ano e íamos em bando para a mediateca estudar. ao menos havia muitas mesas, pouco barulho, ar-condicionado ( lá fora era Verão), e um café perto onde ir em horas de desespero. foi no meio de folhas e apontamentos, das ti-82 e 83, dos horários das explicações e os cafés que conheci uma das minhas maiores amigas. a maggie fez anos dia 9, ontem. tinha pensado chegar a casa hoje à noite e escrever este post ainda nos anos dela, mas a inauguração de primeira casa de outra amiga atrasou-me um bocadinho. a fingir que ainda é dia 9. a maggie não é muito alta mas tem aquela coisa boa de ter muito espaço por dentro. tem muito " por onde se lhe pegue", no fundo. sabe muito de várias coisas, como ter vários meios-irmãos dos dois aos vinte anos, sabe de enfermagem, de espanhol, de teatro, de música. também

a hora

A hora mais bonita do dia aqui acontece no pôr-do-sol. os carros deixam os lugares de estacionamento vazios, levantam poeira. todos deixam a praia, levam as raquetes, toalhas e cadeiras, a água está quente e garante o melhor banho, os nadadores-salvadores arrumam as cadeiras dos toldos. o nosso é sempre o último. pus-me de frente para o sol enquanto descia, preparada para fazer como o meu pai me ensinou: pedir um desejo no último raio de sol. no dia de criança em que ele me ensinou isto, o desejo que pedi realizou-se de verdade, por isso sempre acreditei na magia. hoje fechei os olhos e abri-os por dentro. lembrei-me do teu jeito de viver e querer o lado de dentro dos dias, como quem quer viver debaixo de água. respirar a pele inteira no lugar onde cada movimento nasce e viaja em volta. sempre achei que moro numa praia onde vejo chegar as ondas que formas quando estás debaixo de água, mesmo que seja ao pé de mim. ou mesmo que não seja. é aqui que fico à espera de só uma onda
Só falta abandonar a velha escola tomar o mundo feito coca-cola fazer da minha vida sempre o meu passeio público e ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só único talvez eu seja o último romântico nos litorais desse oceano atlântico só falta reunir a zona norte a zona sul iluminar a vida já que a morte cai do azul só falta te querer te ganhar e te perder falta eu acordar ser gente grande pra poder chorar me dá um beijo então aperta minha mão tolice é viver a vida assim sem aventura deixa ser pelo coração se é loucura então melhor não ter razão
Esta fotografia é do Pedro Palma e chama-se " de olhos postos no futuro". E não há melhor imagem para um dia como hoje.

"não nasci..."

"Não nasci na barrga da minha mãe, nasci no coração. " A., 9 anos menino adoptado ( n sei o autor da fotografis, perdi a referência m obrigada a quem a tirou)