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outono



há uma parte assim neste meu outono. muitas cores quentes, um ano já de cores quentes, dois anos desde uma data que considero uma vitória e um dia feliz, um novo começo. dois aniversários e mais ainda não sei.
aconteceu uma coisa especial e de tão especial nem sei como a contar. o P. é um menino de oito anos com o ar mais querido do mundo ( partilha esta categoria com o T., a Bu e a Pimpas) e maroto, com um cheiro de criança mesmo, que gosta de cócegas na barriga, música, pão às 10: 30 e bolachas sempre que pode. despedimo-nos dele durante as "ferias grandes" para o rencontrarmos agora, com a magia de setembro. e se dúvidas na magia houvesse, desfaçam-nas, porque o Pedro começou a falar há três semanas atrás. começou e segue no caminho da comunicação com os outros agora. estou tão feliz por ele, por ser ele, pela voz que tem. há tantas pessoas com voz e tanto silêncio no que dizem, e ele veio do mundo do silêncio para aprender a dizer "sou eu".
só me faz falta um carrinho. mesmo que muito podre. e o norte. o barulho de estradas de terra batida nos pneus, com música desligada e sem cinto de segurança. e os 120 na auto-estrada, as estações de serviço e até a conta a diminuir com a gasolina que se põe. há uma parte neste outono um pouco mais fria, mais cansada e com pena disso. que o cansaço tire o gozo do caminho em frente. e que a tristeza não tenha sentido e venha de onde não devia. vai-se de "armando, a pé e andando."

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