A hora mais bonita do dia aqui acontece no pôr-do-sol. os carros deixam os lugares de estacionamento vazios, levantam poeira. todos deixam a praia, levam as raquetes, toalhas e cadeiras, a água está quente e garante o melhor banho, os nadadores-salvadores arrumam as cadeiras dos toldos. o nosso é sempre o último.
pus-me de frente para o sol enquanto descia, preparada para fazer como o meu pai me ensinou: pedir um desejo no último raio de sol. no dia de criança em que ele me ensinou isto, o desejo que pedi realizou-se de verdade, por isso sempre acreditei na magia. hoje fechei os olhos e abri-os por dentro. lembrei-me do teu jeito de viver e querer o lado de dentro dos dias, como quem quer viver debaixo de água. respirar a pele inteira no lugar onde cada movimento nasce e viaja em volta. sempre achei que moro numa praia onde vejo chegar as ondas que formas quando estás debaixo de água, mesmo que seja ao pé de mim. ou mesmo que não seja. é aqui que fico à espera de só uma onda, só um pouco de vento, o último raio de sol e pedir baixinho.
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