posso dizer sindromes de etiologias várias, trissomia 21, deficiência mental e motora, cegueira...nada disto faz muito sentido.
posso, antes, contar que tenho uma menina com os dois braços amputados e o que mais gosta de fazer é pôr luvas ou pulseiras nos "braços" (cotos) e dançar na sala. Tenho outra negligenciada em casa e que adora uma festa, que se ri, que tenta pôr o babete sozinha ao almoço apesar de ter mutio pouca força, que ri de felicidade quando a ajudamos a estar de pé. tenho um menino que finge dormir quando ´hora de trabalhar, e "dorme" mais com as técnicas de quem menos gosta. finge muito bem, de tal forma qe o ressonar parece verdadeiro e evidencia uma inteligência superior ao normal. tenho uma menina que não vê mas sabe quando estamos perto e, apesar de ter movimentos muito descoordenados, acerta sempre na taça de sopa quando a quer empurrar para longe. e ri-se. tenho outra que quer sempre mimo, trepa pelo colo, dança, adora chaves e quando é hora de trabalhar finge que tem que se assoar...quando descobrimos que está tudo bem ri-se. e os rolos de papel higiénico vão-se gastando à conta disto. e ela ri-se mais.
as primeiras palavras que aqui escrevi são estranhas e longe da realidade, apesar de falarem da realidade de muita gente. por outro lado, se vos falar de cada um deles, de como brincam, de como ficam felizes por se ver de manhã, ficarão a perceber que entre todos as crianças há pontos comuns, exactamente por serem crianças, e que as suas histórias, apesar de feitas de nomes estranhos, guardam pedacinhos que podiam ser de qualquer um de nós. e qualquer um de nós podia ser assim, como eles, e devemos-lhe o respeito pela sua coragem de ser apesar da falsa "simpatia" dos nomes que lhes damos. todas as trissomias escondem pedros e joões, joanas e paulas, anas e migueis. todos os sindromes têm teresas, mafaldas, fredericos, brunos, marias, pedros, alexandres, antónios. todos. e achamo-los a todos tão diferentes, como se fossem.
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