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orgulho

há algumas pessoas, muito poucas, que ao longo da vida têm o nosso suporte sempre. como o escritor de quem não precisamos de ler as críticas para comprar o próximo livro, o cantor/cantora que nos fazem ir a correr comprar o próximo álbum, o pintor que nos inspira sempre, os escultores e arquitectos, os bons cozinheiros, os bons condutores, os bons amigos. É assim com o Caetano, com o Palma ( às vezes é só às vezes), com o José Luis Peixoto, o Umberto Eco, os cozinhados da minha avó, os amigos de sempre. É assim com a Mafalda Veiga também, e ficou para última por ser dela este desenho. Fez parte de uma iniciativa que juntou desenhos de 100 personalidades nacionais para angariar fundos para uma obra de beneficiência, e esta foi a sua participação. Mostraram-mo há dois dias atrás e sabia que ía ser bom antes de o ver. É das tais coisas.

Não vi mais desenhos da iniciativa, mas tenho especial orgulho neste. Gostava muito, e seria totalmente merecido, que a arte tivesse mais lugar nas nossas vidas. Sobretudo a nacional. Aquele tempo descaído a observar um quadro, o tempo de uma canção, as palavras escritas em português. Falta respeito e sentimento de orgulho por tanta gente boa que faz tão bem, e tanto, nos vários domínios da vida portuguesa. Tenho orgulho nos escritores, músicos, artistas plásticos, cantores, bandas, pessoas da rádio, poucas dos jornais. Claro que aqui tem sempre a minha admiração especial a autora deste desenho. Pela entrega a cada projecto, pela procura, pelas palavras e as emoções, pela simplicidade, pelo palco, pelo que arrisca para tentar algo novo que diga o que traz dentro. Essa sinceridade e lealdade ao que se quer mesmo dizer, sem se cair em modas nem fórmulas fáceis, é muito corajosa. Especialmente num país onde essa corgame não e tão valorizada como devia. E se não há muito espaço nas televisões, rádios e todos os media, que sejamos capazes de lhes guardar um lugar especial na estante, nos cds do carro, nos mp3, nas nossas paredes, tectos e chão. um lugar especial.

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