costumava ficar a olhar para a escola da janela da minha Tia São, ali no Bairro de São Miguel, com os meninos todos a fazer a pequena rampa que os levava para "lá", o lado que eu não via de mesmo que me empoleirasse e cerrasse os olhos. conseguia ver um ou outro menino lá dentro, no recreio, mas era sempre num rasgão, num movimento que desaparecia logo a seguir. os primeiros dias de escola do ano eram mais movimentados. os pais levavam os filhos pela mão e ficavam, como eu, empoleirados a espreitar lá para dentro. havia crianças que choravam, não largavam o colo da mãe, e todas olhavam em volta sem saber quais daqueles meninos todos iríam ser os seus colegas de turma. era assim que passava o tempo em setembro, enquanto a minha avó, tia e amigas conversavam numa mesa da sala com brasas ao meio, onde se aqueciam os pés no inverno e escondia coisas minhas. um lápis encontrado no chão, uma carica, um afia, todos atirados por entre a grelha das brasas. claro que isto era no verão,...