sabem-me bem os fins de tarde, a altura de desmaio que se arrasta, sobretudo nos dias de verão, e entra pela janela escancarada. os tons de azul ada vez mais escuros, o caminho do pôr-do-sol na hora de ponta, enquanto passeio com os meus cães bem longe do trânsito. um capuccino ao chegar, música, os cães já a dormir, a fila no pingo doce coom as compras do jantar, as luzes a abrirem as janelas do bairro. uma de cada vez. tenho voltado a casa e em casa encontro este livro. foi um dos últimos que me deram, uma prenda saborosa que tem este tempo de fim de tarde. o tempo de deixar que a música desmaie em nós e nos leve com todas as brisas dos dias felizes.
aqui encontro acordes, mas não sei tocá-los. se me aplicasse conseguia, mas a minha maneira de estar com a música vai muito para além do que toco. é-lhe anterior. a música é o gesto. a curva da mão que se aproxima ao tocar. e se desfaz.
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