tenho uma turma boa. BOA. este conceito de que, por um acaso ou outro, se é que iso existe, nos vamos cruzando com determinadas pessoas ao longo dos anos leva-nos, sempre, a pensar em como viémos parar aqui, e depois a ver se gostamos ou não. eu gosto. viémos todos de sítios tão diferentes!
no primeiro ano, na primeira aula de Pedagogia Terapêutica com o Professor Pedro Morato, lá ía ele perguntando de onde eram as pessoas.... madeira, açores, espanha, bairro (ao pé de braga), são joão do estoril, carcavelos, rio de mouro, évora, , baronia, salvaterra de magos, margem sul...de lisboa só eu e o antónio mesmo.nas aulas de sexta-feira, o fundo da sala ficava cheio de malas e mochilas dos que íam "a casa" no fim-de-semana. Ainda me lembro da María numa aula de Motricidade e comunicação, em que tinhamos que representar as nossas origens/locais de nascença num mapa imaginado no chão enorme do ginásio, e ela muito encostada à parede..."eu não estou bem Professora, sou mais para ali...aqui é só a fronteira de Espanha e ainda não cheguei à Corunha mas já não há espaço...".
Passámos de um grupo de "exilados" a um grupo só, com tudo o que isso implica: casas sem pais para jantares, casas de férias, férias, muitos trabalhos de grupo, muitas manhãs solidárias nos transportes ainda de madrugada, muita residência e refeitório, mais a associação de estudantes e as festas, a máquina de café, os laboratóios e os ginásios e, mais tarde, o ficar mais crescido e começar a ter "meninos". ontem rompemos as obrigações, os estágios, os semináros, as horas que deveríamos estar ao computador para ir jantar febras muiiiiiiito finas com arroz, batatas e salada e sangria! e ora pois! quem estava longe veio de longe, quem estava doente esteve, mesmo que seria melhor se estivesse mesmo, quem estava constipado ficou mais, quem tinha sono, sacudiu-o até às quatro da manhã a comer e dançar, a tirar fotografias e fazer filmes, conversar.
ontem roubámos tempo ao tempo como todos os amigos fazem. como fazem os "exilados" quando é tempo de ir a casa. ao longo destes anos construímos uma casa chamada "nós".
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