A minha energia derrete-se como um gelado em dia quente de Verão. Compreendo todas as razões mas sou pessoa de pessoas e custa não poder ver e abraçar, mesmo que racionalize e saiba que assim protejo quem amo. Percebo agora que estou há mais de um ano a racionalizar emoções e isso começa a pesar e deformar a estrutura dos meus dias. É insidioso e lento o fenómeno.
Vou passear a Noz, ontem perdeu o juízo num lago. Poucas vezes a vi tão tão feliz e isso encanta-me: como qualquer coisa pode ser tudo para um cão e só cimenta a fidelidade, a amizade e a alegria. São muito simples. Ontem estava a pensar em como não conheço nenhuma música sobre um cão...damo-los por garantidos, por algo menor como se o que nos não pudesse ter tamanho. Com eles sim, não há racionalização possível: uma festa é sempre uma festa, um disparate não passa disso, podem-se todos os gestos de amor e carinho, toda a quebra de distância.
É muito bom viver sozinha e, como em tudo na vida, também difícil. Às vezes penso em não dar-me tanto ao que faço, às pessoas com quem estou mas ... não tenho essa escolha. Esse é o meu património e natureza, não posso plantar desertos onde tenho jardins. Cuido do meu todos os dias, os espaços de luz e sombra, por onde caminho, o cheiro das flores. Por agora estamos aqui nós com uma tremenda lista de espera para quando for possível, fazendo figas para que chegue depressa, não demore muito, que o tempo cavalgue até então e páre no Verão para o tornar infinito.
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