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Portugal

Eu sou Portugal quando penso antes de comprar um telefone se devo guardar o dinheiro para propinas ou livros do trabalho. Sou Portugal quando buzino, quando como corquetes em cocktails que não sei o que comemoram ou quem paga. Sou Portugal se acho que está bem reclamarem com o preço de fotocópias e a Cidade Universitária podia ser a "Cidade do Estacionamento" tal é o caos de carros e motas existentes. Sou Portugal quando espero que a mão do estado seja a minha mão, ou quando pactuo com partidos políticos que não têm como denominador comum o meu país mas o umbigo que quem os dirige.

Não sou Portugal quando escolho deixar telefone para o próximo mês. Trabalho num local que é exemplo do que o trabalho árduo e concertado são capazes sem um tostão do estado, sem que as condições perfeitas existam porque é exactamente por não existirem que temos de as construir e realizar. Somos bem reconhecidos lá fora mas, curiosamente, quem o é anda a pé nas ruas de Amesterdão e Nova Iorque e compra o passe. Somos bons cá mas tenho que engolir o discurso de pessoas que não fazem e não ocupam o lugar daqueles que quereriam, porque mesmo as alternativas são parcas e não acrescenam em qualidade. Gostava de saber mais sobre os bons projectos que estão a acontecer, criar novas pontes para esforços comuns. Nós não podemos depender do estado, somos uma sociedade civil e é nosso o poder, e a responsabilidade, de nos mobilizarmos face a objectivos próprios acrescentando algum que seja comum. Um! Nós não podemos depender de ninguém se não de nós mesmos. É altura de perceber que não é o carro, o telefone ou o cargo do Pai ou da Mãe que nos definem. Não é o trabalho que temos que nos dá dignididade, é da responsabilidade de cada um dignificar qualquer trabalho que faça. Qualquer país. O meu.

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dear Sophia, it's really late. I've just arrived home after a dinner at my grandma's house. she's still so special. everyone ate a lot, we talked about old friends, ourselves when we were growing up. there are always stories about africa. we are all so linked there, so many miles away and yet. we talked about you, alexis and darril. and also about the bulldogs that my uncle used to have and were pretty awfull and scary. I was really afraid of them, but one day I grabbed a horn and chased them trough the garden until they were crying with the noise. never bothered me again. we also mentioned cape town and pretoria, your house, your family, I remember you so dearly it's hard to say. you were my friend and were a bit like me. you thaught me english and had the patiente enough to hear me reading, laughing out loud in a bed full of animals and pillows that we throwed until they reached the ceiling, you knew the piano but hated it. you knew everybody and everything so wel

sorriso de março

hoje de manhã ía no autocarro a ouvir música e a pensar em qualquer outra coisa para além do transporte e da manhã em volta. O que me fazía regressar ao banco do bus eram as sacudidelas da tosse que me tem feito companhia e ajudava a mudar de posição no banco de forma quase automática. Isto, claro, além de uma nova arrumação dos pulmões, já que suspeito que me saíram várias vezes cá para fora, embora ninguém mostrasse o olhar espantado de "pulmões-ao-relento". Depois de uma das sacudidelas, que não contei por serem muitas, vi uma caixa de medicamentos no meu colo e uma uma senhora de olhos transparentes que a segurava. "Tome, ajudam muito. Tambémm estive assim e sei bem o que é", disse ela. Tinha um sorriso inteiro, estava muito arranjada, com o ar de quem não tem sono e de que todos os dias são dias especiais, e tinha olhos de Tejo. não são as palavras que fazem as pessoas, mas os gestos. este veio com a solidariedade dos viajantes, um sorriso e um olhar. Obriga

injusto

tenho visto muito menos os meus vizinhos do lado. nem pensei muito no assunto. meteu-se a parte final do ano, os exames e as últimas entregas de trabalhos, e depois houve o trabalho no colégio, alguns dias de praia e o algarve. cheguei hoje a casa e a minha mãe contou-me que o joão, o filho, mais novo de todos, teve um acidente. estava a deslizar no corrimão da escola e caíu. está há dois meses no hospital, em coma. neste momento está em alcoitão, reconhece a mãe, tem uma irmã que entra pelo quarto a dar força a todos e a dizer que "ele vai ficar bom". e o joão é só um menino que eu às vezes vejo, que às vezes toca á camapaínha e pegunta se o tobias pode ir lá brincar um bocadinho para casa. pergunta-me sempre se ele faz xixi, eu digo que não mas espero que o cão não tenha nenhuma vontade repentina que me estrague o plano e a brincadeira do joão. tem uma mochila quase maior que ele e uns olhos à chinês. vejo-o nas escadas. agora percebo o olhar triste do pai e da mãe, quan