estou no pateo, em curva, e o vento não chega aqui. fica do lado delá do muro, faz-lhe uma tangente e segue em disparada para a quinta do hespanhol ondeos pinheiros altos o esperam. aqui o sol pode pousar inteiro e eu posso fingir que leio um livro que nem é meu. posso interromper e olhar directamente para o sol de chapa, de olhos cerrados, e ver ondas de luz por dentro de mim. posso ouvir a coruja,o pónei e uns porcos bebés que cheiram mal. ainda bem que o vento, que passa depressa, leva o cheiro. e ainda bem que os pinheiros não desmaiam.
Querido J, Estou finalmente preparada para me despedir de ti com o mesmo amor com que fiquei. Escrevo-te com a cor do mar em dias de Verão, esse mar que cura e leva todas as coisas. As transforma. Tenho sonhado contigo nos últimos dias, com carinho. Lembro-me do teu cheiro, da tua pele lisa no peito e costas. Lembro-me da tua respiração ao dormir, de sentir quando chegavas a Lisboa ou qualquer outro lugar no mundo, independentemente do que estava a fazer no meu dia.A guiar, a tomar café, entre emails e reuniões de trabalho ou qualquer outro compromisso de agenda. O que me magoou já não magoa. Amei-te muito e sei que esse amor vai continuar a existir para além de nós da mesma maneira que a vista da minha antiga casa continua, apesar de eu já não morar lá e não a encontrar todas as manhãs. O amor, como a vista e o horizonte, existe desde o princípio dos tempos e não precisa de pessoas, existe por si. Este amor vai, assim, existir para além de nós. Voa e viaja, desenha cenários n...
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