gostava de te contar como está tudo aqui. o mundo é tão impossível! a vida atravessa planos,faz tangentes a desejos e leva-os na curva. fazes-me duvidar do caminho para trás. é mais fácil pensar que morreste, que o fim foi de outra maneira. a morte tem um quê de ternura porque a sei inevitável. seria mais fácil guardar os dias felizes , as manhãs,os dedos na perfeição do vinte. construí bons muros com arcadas de promessa mas a tua ternura provou-se mais forte na seda e sede. a tangente aproximou-se da recta que desenhámos a quatro mãos e levou as tuas. distraíste-te. magoou-me a falta de atenção,ainda a julgar-te perto, a guardar espaço para ti nos meus dias e sono. não sei o teu último olhar.estávamos frente a frente e desviaste-o para um móvel, revista pousada, a sala igual e tu admirado. pensei em títulos de catástrofe no jornal sobre o acidente de avião em que descolei, mas ainda assim. voámos sem rede mil vezes e era ai que julgava ser também a tua casa. tens o instinto maior de l...