Acredito que a vida se desenvolve entre fraquezas e fragilidades, ambas com o mesmo poder, diferindo apenas na direcção de movimento que imprimem. Avanço ou recuo. Maior ou menor, mais ou menos rápido.
Força é sinónimo de capacidade, fazer, acontecer, verbos que implicam um movimento ascendente que, por sua vez, pressupõem também uma mudança ascendente de futuro. Não quer dizer que essa melhoria venha a acontecer mas, na altura, é sentida dessa forma.
Aproxima a esperança. Faz aprender, dá-nos a possibilidade de digerir o mundo, de o provar e levar à boca. Ficar saciado. Permite-nos ver para além do que fazemos, olhar o outro para onde vai, como caminha, surpreendendo-nos pela forma singular como coloca o pé e mexe as mãos. Somos iguais no mais simples e conseguimos, cada um, fazê-lo de forma diferente. Reconheço-te ao longe porque sei a tua forma de andar.
Absorver a diferença faz-nos tomar consciência do que é semelhante e a ultrapassa em sentido e significado. Perceber isto faz com que nada mais seja igual daí em diante. É uma responsabilidade grande. Saber que o singular nos faz aos bocadinhos transporta-nos para um lugar onde a criatividade começa por ser um outro ritmo de respirar. O oxigênio circula e expande-se, os pulmões insuflam de ar e o peito avança sozinho, vela enfonada no próprio vento.
A segurança de entender o mundo no que o faz diferente e igual, no que é de todos e cada um, transportar-nos-á para uma abertura de pensamento em que a tolerância só poderá ser vista como princípio de base. Se todas as nações do mundo trabalharem neste sentido, a paz será o futuro. É em perspectiva e na mudança da mesma que se encontra a empatia por quem vive noutras culturas, habita outras ruas e as faz suas. Perdão, nossas.
O que é nosso será meu e teu desde que nascemos. Esse é o valor a partir do qual as famílias serão mais em parentescos e graus. Seremos muitos. Conseguiremos perservar-nos e, assim, persistiremos desde a primeira noite de Natal. Seremos íntegros, honestos, capazes de olhar nos olhos e saber o peso exacto de um “não” e de um “sim”. Saberemos impor limites aos nossos filhos, educá-los no maior amor para que saibam que as birras e as más escolhas não o põem em causa. Só gostavamos de os põr a salvo mas, e também nós, teremos de abrir as mãos. Criar uma distância que só existe porque há um lugar para onde voltar e esse lugar somos nós, eu e tu, que nunca nos soltamos um do outro. As Mães que trabalham todos os dias estarão tranquilas porque, na escola, os filhos saberão que têm uma casa onde o seu nome está escrito na porta do quarto. Onde há um lugar à mesa. Todos os Pais saberão tocar um filho no ombro, fazê-lo sentar, ouvir, mesmo que se tenham que ir embora. “Senta-te aí”. A vitalidade perdurará para além das fotografias em caixas de papelão. O amor, a compaixão, tudo será ensinado e aprendido. A humanidade constrói-se e, meu amor, o futuro é tudo o que ainda podemos fazer acontecer.
Quero a generosidade, o cuidado, o altruísmo para além de qualquer crença ou ponta de medo que me faça recuar. Quero a inteligência, por favor, porque é preciso pensar bem o mundo para fazer um mundo melhor. É honesto isto. Quero boas notas bons empregos, quero-nos capazes de não buzinar a quem passa. Quero esquecer tudo isto e aprender de novo. Ensina-me. Quero a inteligência pessoal e entender-me, perdoar-me, explicar-me em tudo o que fiz mal e afinal não conta assim tanto. Quero fazer melhor e não entrar por aí de novo. Não quero ser triste, embora a tristeza seja um filtro que, à partida, me faz poder compreender melhor as tuas lágrimas. Entendo-te, tu a mim.
A inteligência trará a responsabilidade social para todos, os que a têm e aqueles que não a podem ter. Os que nos fazem ter mais por eles. É preciso. É justo e precioso. Quero a liderança e horizontes claros para onde dirigir o olhar. Quero saber onde estão, extactamente, porque a noite chega um dia e terei que ser eu ver por onde vamos. Quero olhar o caminho em frente e saber que é por ali, investir o que for preciso, deitar bagagem fora que o que levamos raramente é o que é preciso.
Vou perdoar quando não correr bem. Palmada no ombro, um beijinho no pesçoco, “já passou”. Não vou atender no erro mas na forma de fazer bem a seguir. Misericórdia pela falta de força e ar que me sai dos pulmões. Descanso um bocadinho e vamos. Quero a humildade e a modéstia, afinal todos os meus ganhos foram alimentados por um passado do qual fazes parte. Não é tudo de mim mas tudo comigo. Quero a prudência, o tempo de espera para decidir. Controlar-me nessa decisão. Assim será a melhor possível e clara.
Serei capaz de apreciar a beleza de uma forma simples. O mundo é bonito. Agradeço diariamente por isso. Não sei bem a quem, de facto, mas faço mais vezes caminhos a pé na esperança de que os meus trisnetos tenham caminhos para fazer. Ouve-me, quero que gozes isto. Diverte-te, aproveita. Ama até não poder mais e, quando não puderes, ama outra vez. Zanga-te quando não conseguires mas pouco tempo. Alguém te espera, não demores.
Quero o optimismo e a esperança, a certeza de que serás capaz. Quero a dúvida permanente ,necessária para saber que não quero errar por não a poder resolver. Meu amor, raramente sei tudo. Tu que julgas que não tenho medo e não me perco, que me fazes forte para além de mim e me perguntas, a rir, como se faz. Quase sempre não sei mas o que souber ensino-te. Conversamos. Ensino-te todas as palavras, dou-te a vida para aprendere a nomear o mundo. Pouco mais te faltará. Agarra-te e cresce que um dia vou embora (que saudades!), um dia eu sei que não te vou ver mais mas quero que percorras o teu caminho. Abre as mãos, estou na linha da tua vida. À frente, atrás, forte frágil. Contigo. Brinca, reza.
Comentários
Bjs,
Golfas
Beijnhos
Maria (mãe)
A-d-o-r-e-i!
Beijinhos,
nÊs ildefonso